A projeção de imagens sobre as duas cúpulas e as duas torres do Congresso Nacional, em Brasília, a partir das 19h de hoje (13), marca o início de uma campanha global que, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, no próximo sábado (16), tenta conscientizar a sociedade sobre a necessidade de investimentos para tornar os sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos e sustentáveis.

Coordenada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (Iica), as ações alusivas à data contam também com a divulgação de anúncios publicitários em rádios e uma campanha nas redes sociais que contam com a participação de conhecidos chefes de cozinha. Para seguir a iniciativa nas redes sociais, basta pesquisar na internet pela expressões #DMA2021 e #HeróisDaAlimentação.

Ao escolherem o tema As nossas ações são o nosso futuro. Melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida, as instituições responsáveis pela campanha esperam chamar a atenção da sociedade em geral, sobretudo das autoridades, para a urgência de transformar a maneira como os alimentos são consumidos e produzidos.

Brasil

A FAO estima que, atualmente, só no Brasil, quase 50 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar grave ou moderada. Considerando a população de 213 milhões de habitantes, isto significa que, em um dos maiores produtores e exportadores mundiais de víveres, cerca de um em cada quatro brasileiros não consegue comer por um ou mais dias (casos tido como graves) ou não tem certeza sobre sua capacidade de obter alimentos necessários para as próximas refeições, tendo que racionar os recursos disponíveis (insegurança moderada). Por outro lado, parte da produção nacional é perdida, devido a condições inadequadas de colheita, manuseio, armazenagem e transporte, ou desperdiçada.

“Precisamos agir e aumentar a consciência de que todos têm um papel importante para mudar a forma como produzimos, transformamos, consumimos e desperdiçamos os nossos alimentos”, explica o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, em nota em que a organização defende aperfeiçoamentos para toda a cadeia de abastecimento.

“Dentro das possibilidades práticas de mudança, os governos, em colaboração com o setor privado e a sociedade civil, devem fortalecer e melhorar a quantidade e a qualidade dos dados e informações disponíveis sobre os sistemas alimentares”, acrescenta a FAO, na nota.

Estratégias

Em uma publicação sobre as estratégias que podem contribuir para erradicar a fome e a má nutrição em todo o mundo, a FAO aponta que os custos humanos, sociais e econômicos destes problemas são enormes e de longo alcance, resultando em perda de produtividade, problemas de saúde, baixo nível de bem-estar social, redução da capacidade de aprendizagem, desperdício do potencial das pessoas e eventual agitação sociopolítica.

No mesmo documento, a organização destaca a necessidade de cada país encontrar seus próprios meios para lidar com a questão e tentar erradicar a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição, mas enfatiza que a resposta às “múltiplas dimensões” do problema exige diagnósticos precisos e políticas com enfoque multidimensional.

“Devido ao contexto específico de cada país, os requisitos podem variar desde aumentar a produtividade agrícola e o acesso a mercados, até um maior investimento em agricultura familiar, passando por fomentar à governança da posse da terra e dos recursos naturais, fortalecendo mecanismos de proteção social que levem em conta a nutrição e [o combate às] desigualdades”, sustenta a FAO.

A organização lembra que, em 2015, 193 Estados-membros da ONU, dentre eles o Brasil, reconheceram que o mundo não pode continuar tratando a produção alimentícia e a gestão dos recursos naturais da forma como vem fazendo e assinaram a chamada Agenda 2023 para o Desenvolvimento Sustentável, comprometendo-se a adotarem medidas para erradicar a pobreza e promover vida digna a toda a população, respeitando os limites dos recursos naturais.

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