As cidades do Rio de Janeiro e de Niterói vão ter uma agenda única de combate à emergência climática, voltada à gestão de recursos hídricos. O acordo foi assinado hoje (20) pelos prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e de Niterói, Axel Grael. Os dois municípios formaram oficialmente uma “megacidade” para a representação do setor público na Aliança de Megacidades para a Água e o Clima, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No Brasil, além das duas cidades fluminenses, São Paulo é considerada uma megacidade.
A parceria já tem presença confirmada em eventos internacionais que vão discutir o tema. Entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro vão fazer uma ação unificada na COP26, conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU), em Glasgow, na Escócia. Já no ano que vem, as duas cidades participarão da II Conferência Internacional sobre Água, Megacidades e Mudança Global, entre os dias 11 e 14 de janeiro, em Paris. A primeira edição desse encontro foi há seis anos.
Juntas, Rio e Niterói têm 61% da população da Região Metropolitana do estado e são integrantes da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara. Com a parceria, as duas cidades vão realizar ações e planos relacionados à pesquisa, soluções técnicas, educação ambiental, informação e políticas públicas relacionadas à gestão hídrica e mudanças climáticas.
Desafios
Para o prefeito Eduardo Paes, haverá muitos desafios pela frente, mas esse é um momento muito especial de consolidação da parceria. “São muitos os desafios e esse é um tema importante. Rio e Niterói têm de ter esse protagonismo de trazer o assunto à mesa. A agenda ambiental tem muita relevância e impacto na vida das pessoas”, disse.
Na visão do prefeito Axel Grael é fundamental que ocorra a articulação entre cidades que tenham agendas complementares e que já estejam conectadas com essa questão do clima, classificada por ele como a mais urgente quando se pensa em sustentabilidade. “Rio e Niterói são as sentinelas da Baía de Guanabara. Temos muita coisa em comum e precisamos trabalhar juntos nessa agenda”, disse.
Defesa do clima
As metas para o enfrentamento das mudanças do clima das duas cidades são ambiciosas. O Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática (PDS) anunciado pela cidade do Rio de Janeiro em junho de 2021 estabelece metas para 2030 e 2050, sendo que 134 têm que ser atingidas até 2030. Elas foram desdobradas em 978 ações. O Rio tem outras medidas que espera alcançar até 2050. Um dos objetivos até 2030 é alcançar a redução de 20% das emissões de gases de efeito estufa em relação às emissões de 2017.
O secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Eduardo Cavaliere, disse que as cidades vão para a COP26 com prioridades na aplicação dos recursos em saneamento. “Rio de Janeiro e Niterói chegam juntos à COP26 com uma mensagem de priorização dos investimentos em saneamento de nossas baías, lagos e rios. Hoje é um dia muito simbólico para a Região Metropolitana do Rio no enfrentamento das mudanças climáticas”, disse.
Do outro lado da Baía de Guanabara, o objetivo de Niterói é neutralizar as emissões de carbono até 2050. Até o fim deste ano, a prefeitura vai apresentar o planejamento que está sendo preparado. O município é o primeiro a ter uma secretaria dedicada exclusivamente às questões climáticas.
A prefeitura de Niterói já desenvolve projetos voltados para educação ambiental, para preservação de parques e florestas, para recuperação da Lagoa de Piratininga, além de iniciativas de reflorestamento, controle da emissão de gases do efeito estufa e saneamento.
O secretário do Clima de Niterói, Luciano Paez, disse que diante de um cenário de crise que em passa o mundo frente aos eventos extremos, as duas cidades começam a construir uma agenda fundamental. “A Baía de Guanabara, em especial, será nosso palco de atuação, além de todas as bacias de seu entorno. Estamos fazendo um trabalho para que as próximas gerações reconheçam a sensibilidade que as duas cidades, numa gestão integrada, vão desenvolver dentro dessa agenda climática”, disse.
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