Milhares de indígenas de várias etnias começaram a se concentrar, nas últimas horas, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), onde acontece, pelos próximos dez dias, a décima oitava edição do Acampamento Terra Livre.
“Voltamos a ocupar a Esplanada e a pintar Brasília de urucum e jenipapo”, disse, esta manhã, a integrante da coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara.
Após dois anos de atividades remotas (online) devido à pandemia da covid-19, o evento volta a reunir, presencialmente, os representantes de mais de 200 dos 305 povos indígenas existentes no país. A expectativa dos organizadores é que mais de 7 mil pessoas participem dos debates, atos e cerimônias que acontecerão até o próximo dia 14.
“Trazemos a força da diversidade, a resistência secular e a luta indígena. E, como principal bandeira, [exigimos] a demarcação dos territórios indígenas [reivindicados] em todo o país”, acrescentou Sonia ao explicar o mote desta edição do evento: Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política.
“Estamos aqui para exigir da União, do Estado brasileiro, a retomada da demarcação dos nossos territórios. E chegamos dizendo que vamos aldear a política porque, se é no Congresso Nacional e no Poder Executivo que estão decidindo nossas vidas, é ali que teremos que estar”, afirmou Sonia ao anunciar uma das metas das organizações para este ano: o lançamento ou apoio a candidaturas indígenas, principalmente de mulheres indígenas.
“A Apib está lançando uma bancada indígena para também entrar na disputa eleitoral. Vamos estar com esta bancada; com as mulheres indígenas, porque estamos querendo garantir nossa representatividade política nos espaços da política institucional”, acrescentou Sonia ao citar projetos de lei (Pls) que, na avaliação das lideranças indigenistas e de ambientalistas, ameaçam os direitos dos povos indígenas e a preservação dos territórios tradicionais, como o PL 490/2007, que, se aprovado, modificará as atuais normas legais para demarcação de terras indígenas, e o PL 191/2020, que trata da possibilidade de instalação de projetos de mineração e de infraestrutura em terras indígenas.
“Neste ambiente [político] tão hostil, a questão territorial, a demarcação de nossos territórios, sempre é o pano de fundo. Porque ainda há um déficit muito grande neste sentido”, frisou Marquinhos Xukuru, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme). “Mas entendemos que é preciso ocupar outros espaços de poder para garantirmos que nossas vozes ecoem. É preciso entender que precisamos ocupar as assembleias legislativas [estaduais], as câmaras [municipais], as prefeituras. E que tenhamos condições de assumirmos este protagonismo político”, acrescentou Marquinhos.
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