No maior comércio popular de São Paulo, a região da 25 de março, os comerciantes dizem que as vendas de itens para a Copa do Mundo do Qatar ainda estão fracas, mas a expectativa é que aumentem nos próximos dias. A Copa de 2022 terá início no dia 20 de novembro.
Proprietário de uma loja especializada em artigos esportivos, João Abdala afirmou que não vê muita movimentação para a compra de artigos para o Mundial.
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“A nossa expectativa é que as vendas comecem a engrenar a partir do final dessa semana, passando esse feriado, acredito que o assunto comece a ser um pouco mais falado, junto com a convocação [da seleção] na semana que vem. Esperamos que as pessoas voltem a comprar como compravam nas últimas Copas”, disse.
Para ele, as eleições podem ter atrasado as vendas. “Este ano está um pouco mais, vamos dizer, atrasado. Está muito próxima a Copa e ainda não teve tanta movimentação, provavelmente devido às eleições, mas agora, as eleições passando, a gente espera que as vendas se intensifiquem bastante”.
Com a proximidade do Mundial, Abdala vende, principalmente, bandeiras e camisas oficiais licenciadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que custam, em média, R$ 300.
“Esperamos vender cerca de 80% do que vendemos na última Copa, já é menor a expectativa, porque essa alocação do evento para o fim do ano mexeu com o que as pessoas já estavam acostumadas. Sendo realista, não vai ser tão bom quanto as últimas, mas vamos trabalhar muito para superar.”
O comerciante José Valdecir também espera que o fim das eleições alavanque as vendas.
“Acredito que agora vai chegar uma média de 80 a 90% a mais. A ‘política’ terminou, então, a gente espera que o comércio volte ao normal. Agora vai concentrar a retomada da venda da camisa do Brasil. Há uns dois meses, o pessoal tinha receio de comprar uma camisa amarela, agora está voltando. O povo tinha medo de vestir essas camisas, por causa do receio da política que estava ficando como fosse uma guerra. Espero que isso termine em paz, o povo quer trabalhar”.
Há um ano, depois de perder um outro negócio durante a pandemia, Valdecir montou uma loja especializada em camisas de times de futebol em uma galeria da 25 de março. As camisetas custam de R$ 45 a R$ 180. “A gente espera que o comércio melhore, a gente está passando um momento muito difícil nesse pós-pandemia, agora que está engatando. Estamos esperando uma reagida para poder pagar as contas”.
Já Clodoaldo Mateus Santos de Souza, dono de um comércio informal na Ladeira Porto Geral, na região da 25 de Março, espera vender 90% a mais com os artigos da Copa, como camisas, bonés, faixas e até roupas para animais de estimação. Souza vende camisetas a partir de R$ 30, sendo a mais cara R$ 90.
“Não estão ruins as vendas, mas também não está aquilo que a gente está acostumado na Copa dos anos anteriores. E também o público estava com esse negócio de amarelo é de um partido e, na realidade, nossas camisetas, as tradicionais verde e amarela, são as cores do nosso país.”
Prejuízo
Apesar do otimismo dos comerciantes ouvidos pela reportagem, o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ulisses Ruiz de Gamboa, lembra que, o evento não costuma ser bom para o varejo. “A Copa do Mundo é um evento que, de maneira geral, é ruim para o varejo como um todo, pois, principalmente nos dias de jogos do Brasil, os estabelecimentos fecham no horário das partidas e reabrem após o fim do jogo.
Gamboa recordou que, na Copa de 2018, segundo um levantamento realizado pela Cielo, o comércio teve prejuízo de 25% no faturamento, durante a primeira fase do torneio. “Resultado similar também aconteceu na Copa de 2014, mesmo tendo sido realizada no Brasil, o que atraiu importante fluxo de turistas”.
Neste ano, o Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) estimou uma perda de faturamento de 50% a 70% para os estabelecimentos comerciais. “Evidentemente, setores do varejo como eletroeletrônicos, principalmente TVs, além dos artigos esportivos e bares/restaurantes poderão registrar elevação nas vendas, mas trata-se de fenômeno pontual”, destacou o economista.
Com a proximidade da Black Friday, data comercial com promoções e descontos, as vendas podem compensar os dias fechados, afirma Gamboa. “O fato de a Copa do Mundo começar a menos de uma semana da Black Friday deverá provocar uma antecipação das ofertas e promoções que seriam oferecidas para esses produtos, o que poderia reduzir as perdas do comércio”, finalizou.
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