Um dos mais importantes expoentes da literatura contemporânea, Kenzaburo Oe, morreu faleceu no dia 3 de março, aos 88 anos de idade, mas a notícia só foi divulgada esta semana. De acordo com a editora Kodansh, o escritor, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1994, a causa de morte foi velhice.
O escritor nasceu em 1935, na ilha japonesa de Shikok, em um vilarejo de nome Ose, que nem sequer aparece mais em mapas, atualmente. Ao longo de quase nove décadas de vida, Oe deixa para o mundo um conjunto de obras em que aborda relações de poder, entre outros temas.
Com traumas causados pela Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, deixava transparecer sua posição pacifista e antinuclear. No Brasil, suas obras são publicadas pelas editoras Estação Liberdade e pela Companhia das Letras.
Para o diretor editorial da Estação Liberdade, Angel Bojadsen, a firmeza nas posturas políticas de Oe acabaram por conferir a ele destaque de abrangência nacional. “De certa forma, ele era a consciência da nação”, diz o editor.
Conforme lembra Bojadsen, as reflexões de Oe tinham tanta notabilidade que o escritor chegou a ser processado por difamação, após criticar excessos cometidos por autoridades. “Seus escritos mais diretamente políticos, mas também sua obra literária, têm o mérito de abordar estes temas sensíveis na atualidade política japonesa com delicadeza, brio e profundidade, sem maniqueísmos”, afirma. “Oe foi uma figura profundamente humana que deixa um grande vácuo.”
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