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Depois de um intervalo de três anos, em razão da pandemia de covid-19, a 20ª Mostra do Filme Livre (MFL 2023), considerada a maior de cinema independente do Brasil, retorna à capital fluminense em setembro, envolvendo premiações de R$ 10 mil em dinheiro para os melhores filmes. As inscrições estão abertas e podem ser feitas até 31 de maio pelo site da mostra.

Até a última segunda-feira (24), 820 filmes já haviam sido inscritos. A perspectiva é que o número de inscrições passe de mil, disse o idealizador do evento, Guilherme Whitaker. Na sessão Mundo Livre, podem se inscrever filmes feitos por brasileiros no exterior e estrangeiros rodados no Brasil.

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A mostra tem característica singular, destacou Whitaker. “É a única no Brasil que aceita filmes de todos os gêneros, formatos, durações e época. Ou seja, qualquer filme, feito há dez, 15 anos, de qualquer gênero, qualquer duração (curta, média ou longa-metragem) é bem-vindo. O normal é que os festivais aceitem filmes de dois anos, no máximo, filmes recentes. A gente não tem essa restrição de idade”, garantiu o idealizador.

Depois que encerrarem as inscrições, será feita uma seleção para definir os trabalhos que participarão da mostra competitiva. Em média, anualmente, são selecionados 15% dos filmes inscritos. Ao todo, incluindo os filmes convidados e os classificados como fora de competição, serão exibidos no festival cerca de 200 películas. Somente os filmes da mostra competitiva concorrerão aos prêmios em dinheiro para exibições presencial e online.

Características

A originalidade é uma das principais características que os filmes inscritos devem mostrar. “O filme ser original é uma das características fundamentais para que ele chame a atenção a ponto de motivar a curadoria a indicá-lo para a premiação”. Whitaker disse que interessa também que o filme fuja do lugar-comum, não repita o que já está acontecendo. O filme candidato pode até ter uma narrativa convencional, mas o tema tratado deve ter alguma nuance, como som, edição, música, interpretação, entre outros elementos, que busquem trazer questões para serem desenvolvidas. “Ao assistir esses filmes para a seleção, a gente tenta prestar atenção nessa potência que seria ser original, em consonância com temas importantes de serem trazidos à tona”.

Whitaker argumentou que não necessariamente os filmes candidatos precisam ter a melhor câmera ou o melhor equipamento. Mesmo improvisando, com a ajuda de amigos, o cineasta pode conseguir se expressar visualmente. “Mesmo sem dinheiro, sem patrocínio, se ali tiver, na nossa visão, um teor, uma vontade, uma busca até com defeitos, não tem problema. Isso desde que a obra em si seja mais impactante e superior a qualquer erro técnico ou falta de uma boa câmera. Acreditamos que temos feito um bom trabalho nos últimos anos nessa identificação do material que chega do Brasil inteiro. Em geral, são filmes mais caseiros que conseguem, mesmo com dificuldade de recursos, se expressar audiovisualmente de uma forma que quebre o esperado”.

Apoio

A realização da MFL 2023 está garantida graças ao apoio da Riofilme, empresa pública municipal cuja missão é promover o desenvolvimento da indústria audiovisual carioca. Concorrem à sede da mostra o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ), o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Espaço Cavi. Guilherme Whitaker informou que está buscando, por outro lado, parcerias que viabilizem fazer a MFL também em São Paulo e Brasília, com versão completa ou resumida.

A edição será dedicada a quatro cineastas falecidos recentemente: Maurice Capovilla, Nilson Primitivo, Clóvis Molinari e Ely Marques, todos participantes de várias edições da mostra, quando exibiram seus filmes e participaram de debates ou apresentaram sessões.

A MFL é uma realização da WSET Multimídia desde sua primeira edição, em 2002, no Rio de Janeiro. O evento aconteceu também em outros estados, além de Lima, no Peru, em 2014, e Boston, nos Estados Unidos, em 2018.

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